
Vamos lá desmistificar um pouco o caminho que deves fazer para começar uma casa do zero, a casa dos teus sonhos, feita de acordo com as tuas necessidades.
Em Portugal, por vezes, este processo pode ser um pouco complexo, pois a burocracia exigida, por vezes pode levar ao desespero. No entanto, como quero que não desistas do sonho de ter uma casa própria e feita de raiz, separei 5 passos base por onde deves começar este desafio e lembra-te: com planeamento tudo fica mais fácil, mas tem flexibilidade para imprevistos, pois vão sempre surgir. E aqui, se estiveres rodeada das pessoas certas, será também mais fácil encontrar soluções boas e eficientes!
Afinal, por onde devo começar? 5 passos para começar uma casa do zero
1- ESCOLHA DO TERRENO
Podes iniciar a procura pelo terreno perfeito para ti, através de várias formas. A primeira, que eu considero mais relevante, é escolheres até três zonas onde gostarias de morar. Depois percorres essas zonas e tomas nota de números de telefone que encontrares nos terrenos. Tira fotografias para analisar com mais calma em casa.
Outra opção, é através da internet. São várias as ofertas que vais encontrar online e onde podes ficar com maior noção dos valores de mercado.
A última opção e talvez das mais relevantes, são as imobiliárias. Sei que muitas pessoas têm receio, não entendo bem porquê… Mas estes profissionais têm carteira de clientes, têm a documentação necessária do terreno, podem apresentar-te várias soluções. Conhecem bem as zonas onde estão, conhecem os valores praticados, ajudam com a burocracia e têm noções de viabilidade construtiva.
2- VAI AO MUNICÍPIO, À CONSERVATÓRIA DO REGISTO PREDIAL E ÀS FINANÇAS
Agora que tens um terreno ou mais em vista, antes de fechares qualquer negócio dirige-te à Câmara Municipal e informa-te sobre a viabilidade construtiva. É de acordo com o PDM em vigor que irás saber os condicionamentos existentes e o que podes construir, nomeadamente área máxima, número de pisos, etc.
De acordo com essa informação pode ser necessário elaborar um pedido por escrito ou mesmo fazer um Pedido de Informação Prévia para saberes a viabilidade do que pretendes. Assim, nesta fase, podes pedir a um Arquitecto que te acompanhe, sendo o entendimento mais fácil devido à linguagem técnica que é utilizada.
Se adquirires um lote (o terreno tem de estar registado com tal), o processo pode ser mais simples mas também tem condicionamentos. As regras do que podes fazer nesse terreno já se encontram definidas no Alvará de Loteamento.
Depois, o que aconselho é ires à Conservatória e às Finanças, ver se não existe nenhum tipo de impedimento para a aquisição do terreno. Leva a Certidão e a Caderneta que te tenha sido facultada, pois estas entidades precisam destes dados.
3- IR AO BANCO
Reunida toda a informação anterior, chegou a hora de veres de quanto dinheiro precisas.
Sim, porque os sonhos para passarem para a realidade, também têm custos e este pode ser o investimento de uma vida.
É já nesta fase que deves fazer um pequeno estudo de mercado de construção, falei um pouco sobre isso aqui e aqui.
Agora que tens o valor do terreno e o valor (aproximado) para a construção, deves começar a pedir simulações de crédito em vários bancos. Vai ajudar-te a perceber qual te oferece melhores condições e se efetivamente tens condições para avançar com este sonho de começar uma casa do zero. Não te esqueças que os bancos não oferecem a totalidade do que precisas e toda a burocracia também tem custos, logo é essencial estares precavida para os custos desta fase inicial.
Na minha opinião, só depois de chegar a este passo, deverias avançar com a compra do terreno.
Lê também este artigo da Economisses com dicas ótimas para esta fase!
4- PROCURA UM ARQUITECTO
Se ainda não o fizeste nos outros passos, agora é a hora de procurares um Arquitecto. Agenda uma reunião e leva todo o material que já tiveres reunido, seja documentos, fotografias, inspirações, vale tudo.
Hoje em dia temos disponível tanta informação que não vale a pena fingirmos que ela não existe. Bem sei, que para muitos colegas é frustrante as pessoas virem com ideias já pré-concebidas, mas temos também de ver isto com outra atitude. Desta forma, também é mais simples percebermos com o que realmente as pessoas se identificam. O nosso propósito é projetar para as pessoas, são elas que vão viver o espaço. É de acordo com as suas necessidades que vamos estudar a melhor forma de satisfazer as suas necessidades. O espaço tem de ser funcional para ti, és tu que o vais habitar.
Esta fase de desenvolvimento do teu Projecto de Arquitectura deve ser feita por uma equipa. O Arquiteto inicia esta fase mas deve fazer a coordenação com as engenharias das várias especialidades. Os engenheiros têm assim um papel também muito importante no teu processo. Defendo até que o acompanhamento da obra deveria ser feito por ambos, de forma a resolver imprevistos da melhor forma. Mas aqui já temos todo um outro tema.
Aqui, é onde deves ficar a perceber todas as fases que se seguem. É obrigação do Arquiteto explicar-te todo o procedimento, afinal de contas é quem vai começar a materializar no papel o teu sonho e ajudar-te a começar uma casa do zero, a tua.
Por vezes envolve alguma complexidade e é demasiada informação de uma só vez. Mas como eu costumo dizer, o caminho faz-se caminhando, e temos de começar por algum lado, não é verdade?
5- A ESCOLHA DO EMPREITEIRO
Por esta altura, como já pesquisaste por empreiteiros, para saberes valores média que se praticam na região, já tens em vista alguns profissionais a quem podes começar a pedir orçamentos.
Atenção, que apenas deves solicitar orçamentos definitivos depois de teres o Projecto de Arquitectura e os Projectos de Especialidades. Nenhum empreiteiro te consegue dar valores finais sem estes projectos, pois contêm informações muito relevantes sobre a tua casa.
O empreiteiro escolhido, deve ser um profissional com Alvará de Construção. Tem de ser uma pessoa habilitada e apta para construção e não o vizinho que faz biscates, ok?
Muito mais haveria a dizer sobre este tema, o objetivo aqui foi simplificar porque cada caso é um caso. As regras que se aplicam a uma determinada situação podem não se aplicar a outra, mesmo que seja idêntica.
Quero também deixar como nota, que nós técnicos, para além de termos de cumprir legislação geral, cada município também tem as suas próprias regras. Sendo assim impossível para nós conhecê-las a todas de imediato. Isto para te explicar a importância que os Municípios têm em todo este processo e a importância de os consultar. Não escolhas o caminho mais fácil de começar a construir ou a fazer alterações por tua conta e risco.
Informa-te, escolhe os técnicos capacitados para tal (sendo que apenas Arquitectos podem fazer Arquitectura, ok?) e faz as coisas da forma mais correta para não correres riscos desnecessários.
Espero que esta informação te seja útil para quando escolheres começar uma casa do zero! Se tiveres alguma questão, podes deixar aqui nos comentários!
Podes ir também acompanhando mais dicas aqui!
Até já!
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